Posted por em 20 maio 2017

Aprender com o Mestre - Ilustração msg siteEstudo oferecido no Grupo Espírita Casa do Caminho, em 20-05-2017

Áudio do Estudo (mp3) – Diversidade – Individualidade e Indulgência

Foram apresentados dois vídeos, estão ao final desta publicação:

Olhar sobre a diversidade

Ciclo da Vida

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Individualidade

Ao longo da nossa jornada evolutiva nós experienciamos várias vivências que nos proporcionam aprendizados de grande importância.

Somos espíritos individualizados, com características muito próprias que nos identificam no contexto em que vivemos. Não só características físicas, temos perfis psicológicos e espirituais. Estes são decorrentes de vivências pregressas, ao longo de várias encarnações. Não só quando no corpo físico, como também enquanto no plano espiritual, considerando que passamos por processos de aprendizados e experiências que ficam registradas no nosso perispírito e, por conseguinte, levam-nos a comportamentos bem característicos de nossa individualidade como Ser.

A cada encarnação trazemos conosco particularidades, a nós agregadas, provenientes das experiências vivenciadas. Estas podem ser positivas, se conseguimos internalizar ensinamentos e transformá-los em aprendizados que nos enriquecem e tornam-nos melhores. Nesses casos, nosso caminhar torna-se mais leve, gratificante, enriquecedor tanto do ponto de vista espiritual como também do ponto de vista físico, pois em sendo positivo, nosso corpo material experimenta situações mais saudáveis, incluindo capacidades regenerativas que nos fortalecem e proporcionam condições de uma vida mais suave e profícua.

Como também podem ser experiências que proporcionaram dores e refletem no modo de ver a vida, de cada um, e na convivência com nossos semelhantes.

De uma forma geral, em razão de ainda trafegarmos por caminhos tortuosos pelas nossas características de seres insipientes, meninos espirituais como nos diz Emmanuel:

“Os discípulos de boa-vontade necessitam da sincera atitude de observação e tolerância. É natural que se regozijem com o alimento rico e substancioso com que lhes é dado nutrir a alma; no entanto, não desprezem outros irmãos, cujo organismo espiritual ainda não tolera senão o leite simples dos primeiros conhecimentos.

Toda criança é frágil e ninguém deve condená-la por isso.

Se tua mente pode librar no voo mais alto, não te esqueças dos que ficaram no ninho onde nasceste e onde estiveste longo tempo, completando a plumagem. Diante dos teus olhos deslumbrados, alonga-se o infinito. Eles estarão contigo, um dia, e, porque a união integral esteja tardando, não os abandones ao acaso, nem lhes recuses o leite que amam e de que ainda necessitam.” (1)

No exercício da convivência deparamo-nos invariavelmente com situações de origem em vivências anteriores. Muitas vezes resultam em preconceitos, rejeição, vícios, medos, mágoas e tantos outros sentimentos que prejudicam nosso caminhar evolutivo. Impedem que momentos prazerosos e dignificantes façam parte de nossas vidas, bem como dificultam nossos relacionamentos com companheiros de jornada.

Convivemos diariamente com a diversidade, seja de raça, de credos, de caminhos para o exercício do viver. Somos muito apegados a formas de ver, de sentir, de crer, de olhar.

Em grande parte das vezes, a palavra diversidade remete-nos à lembrança de atitudes intolerantes, preconceitos pelas diferenças religiosas, sociais e políticas. Temos vivido momentos em que essas intolerâncias têm se mostrado por comportamentos irascíveis, violentos, até mesmo em família.

Indulgência

Neste momento vale falar um pouco sobre esta virtude.(2)

A origem do termo indulgência é indulgentia, palavra latina que significa bondade, para ser gentil, perdão de uma pena.

É uma qualidade humana que representa a bondade e a capacidade de ser tolerante perante as ações ou particularidades de outras pessoas.

Diante desta definição, podemos ampliar o olhar sobre o termo, ou o que ele representa, abrangendo nossa capacidade de conviver com as diversidades existentes à nossa volta.

A busca por encontrar em nós essa qualidade passa, inevitavelmente, pelo autoconhecimento e pela reforma íntima.

Somos geralmente intolerantes com o outro naquilo que diverge do nosso pensar, do nosso sentir, do nosso agir.

Dificilmente temos um olhar gentil para outras formas de ver, de representar e de viver a vida. Costumamos julgar e até mesmo condenar outras pessoas por pensarem, agirem e serem diferentes de nós.

Em que a indulgência poderá auxiliar-nos nessa caminhada espiritual? Como poderemos começar a ser melhores acolhendo essa qualidade na Alma?

Primeiro precisamos buscar em nós mesmos as razões pelas quais agimos assim – intolerantes.

É o orgulho e vaidade que nos impelem a crer sermos melhores do que os demais. Muitas vezes intolerantes com as diferenças. É o olhar preconceituoso atuando na nossa forma de pensar e agir.

Ao nos expressarmos de forma negativa sobre algo diverso do que acolhemos em nós, induzimos a que outras pessoas também o façam. Não raro, chegamos até a intensificar nosso preconceito.

No entanto, quando buscamos, no outro, características positivas e as tornamos evidentes aos demais, podemos levar outras pessoas buscar agir também de forma positiva. Ampliamos o raio de ação da gentileza e da bondade à nossa volta.

Vale a pena refletir um pouco mais a respeito desses sentimentos e pensamentos.

Por vezes, cremos já ter alcançado a indulgência, a tolerância, em nossas vidas, para com nós mesmos e para com os demais. No entanto, precisamos prestar atenção ao que realmente poderá estar ocorrendo no íntimo do Ser, nós Espíritos.

Estamos sendo indulgentes ou estamos agindo de forma a parecer sermos indulgentes? Nós nos expressamos de forma tolerante quando conversamos ou expomos alguma opinião, mas interiormente continuamos com um olhar preconceituoso, traçando várias reflexões que ainda condizem com nossa recusa em aceitar as diferenças? É a intolerância que se mantém camuflada dentro de nós.

Se assim for, ainda há muito o que fazer na busca pelo autoconhecimento. Procurar entender o que realmente está ocorrendo em nós; o que de fato já tenhamos alcançado em nossa autotransformação. Precisamos ser honestos com nós mesmos, desenvolver um olhar mais consciente e crítico sobre nosso verdadeiro Ser. Abandonarmos as máscaras e olharmo-nos de frente, com rigor, mas também com bondade e retidão de propósitos.

Ao tempo que sejamos críticos, também tenhamos um olhar tolerante, gentil, bondoso. É o deixar emergir da profundeza da Alma todos os deslizes, imperfeições, que ainda mantemos em nós, e sermos indulgentes. A bondade proporciona a oportunidade de olharmos para nós mesmos sem medo, sem culpa, sem mágoa. Sendo gentis e tolerantes, nós nos permitimos o olhar profundo.

A força para caminhar por novas sendas, tendo como sustentação o amor e a obediência; abrimo-nos ao arrependimento e teremos como meta uma jornada de reparação.

Ao nos encontrarmos com nós mesmos melhores, estaremos também em condições de contemplarmos os companheiros de jornada de forma afável, fraterna. Seremos gentis e teremos bondade em nossos corações.

A indulgência terá feito morada na Alma que habita em nossos corpos.

Finalizando tais reflexões, perguntamos: Quem somos nós, eu, você, nossos amigos, vizinhos, familiares?

Eu sou um espírito que vive aqui e agora – uma personalidade. Já passamos por personalidades diferentes das que hoje nos identificam.

Estamos nesta jornada terrena não pela primeira vez. Certamente em inúmeras oportunidades, as mais distintas, e abrigados por uma matéria que nos deu forma física para sermos reconhecidos e mantermos uma convivência de experiências e aprendizados.

O Eu espírito abriga conhecimentos e experiências que fortalecem e proporcionam o caminhar mais firme e seguro. Abre-se um caminho de alternativas a partir do nosso conhecimento e da nossa capacidade de escolha. Conquistando mais equilíbrio e bom senso, temos maiores condições de atingir sucesso nas nossas escolhas e realizações.

Diante dessas reflexões, como poderíamos nos perceber como seres espirituais convivendo em um Universo?

Seríamos espíritos independentes, sem vínculos permanentes uns com os outros?

Creio que podemos afirmar sermos espíritos interdependentes que por vezes se encontram e se relacionam em experiências físicas ou mesmo no plano espiritual. Experienciamos outras vidas, por vezes encontrando-nos, relacionando-nos como familiares, com vínculos afetivos ou não.

Não obstante nem sempre venhamos a nos reencontrar em alguma vivência corporal, fazemos parte de uma grande família – a Família Universal.

_________________

(1)      Caminho, Verdade e Vida, Emmanuel, por Chico Xavier

(2)      Evangelho Segundo o Espiritismo, Capítulo X, item 16 – Indulgência

(3)      Textos adaptados a partir dos temas “Indulgência”, em o livro Evangelho é Amor II, e “Convivência sagrada”, em o livro Aprender com o Mestre, ambos de Elda Evelina, Bookess Editora

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